Planos de carreira existem a muito tempo. De forma bem resumida, é o plano de crescimento do colaborador dentro da empresa. Em outras palavras, é uma sequência de passos que o colaborador precisa seguir. Qual é a progressão de cargos e o que precisa saber / fazer em cada um deles.
Nos planos “tradicionais”, a progressão é sequencial, com um caminho claro de evolução. De júnior, você se torna pleno, depois sênior, depois gerente, etc.
O desenvolvimento desse plano é bem mais fácil quando falamos de áreas mais técnicas ou padronizadas. Nesses casos, a evolução é bastante fácil de se perceber e julgar, deixando bem fácil também, traçar o plano de desenvolvimento.
Já nas áreas de trabalho criativo, não é bem assim. O trabalho não é tão óbvio. As situações são bem diferentes entre empresas, e muitas vezes, o melhor de uma empresa tem habilidades bem diferentes do melhor de outra empresa e se trocássemos, nenhum dos dois daria certo.
Cada “cargo” tem objetivos e demandas muito especificas. Não existe uma progressão lógica. O que existe são conjuntos de habilidades. Sei trabalhar com photoshop e escrever copy. Outro pode saber editar vídeos e programar. Não significa que um é melhor que outro, ou que o outro deve se tornar o primeiro pra progredir.
Com a inovação, as empresas de tecnologia e essa crescente demanda de automação, cada vez mais os trabalhos vão ser mais criativos e menos repetitivos e padronizados. Esse “problema” de progressão de carreira vai se tornar cada vez pior.
A não ser que não seja realmente um problema. Nos trabalhos criativos, o que manda é o conjunto de habilidades dentro do contexto da empresa no momento certo. E todas as variáveis mudam o tempo todo. Ou seja, quem é o melhor para a situação atual pode não se encaixar amanhã. Ou pode não querer desenvolver as habilidades que serão necessárias amanhã.
Para quem está nesse mercado, o “crescimento” vai deixar de ser linear, sendo mais parecido com um “andar de lado”. O mercado vai se tornar cada vez mais volátil. A troca de empresas (que hoje já é bem grande) vai se tornar cada vez mais o normal, e na minha opinião, cada vez mais desejável.
Bons profissionais são bons por que fazem bem o trabalho. Mas o sucesso de ontem não garante o sucesso de hoje. As necessidades da empresa vão mudar constantemente, e os profissionais que se encaixam também vão acabar mudando.
Essa constante mudança vai fazer uma grande diferença nos organogramas das empresas, que vão ser cada vez mais horizontais, com equipes multidisciplinares, muitas formadas especificamente para determinados projetos. Sendo dissolvidas quando esse é finalizado.
Outro argumento para o plano de carreira é a busca por um salário maior. As pessoas querem saber de antemão o que devem fazer para ganhar mais. O que é uma expectativa razoável. Mas com os trabalhos mais padronizados, era difícil justificar salários diferentes para pessoas na mesma posição. Então era necessário se promover para ganhar um salário maior.
Nesse “novo mundo”, os salários são definidos com base na combinação de habilidades, não no título, resolvendo essa necessidade de progressão linear. É, também, bem provável que cada vez mais veremos empresas com opções de ação e compensações baseadas no lucro, e isso sendo grande parte do salário, ao invés de um número fixo pré-definido.
Acho que essa evolução é natural, e aos poucos vai acabar melhorando muito a questão de insatisfação com o trabalho, que era tão natural antigamente. Cada vez mais as empresas precisam de uma combinação única de habilidades, e as pessoas que as possuem, vão estar disponíveis e prontas para o trabalho.
Independente do modelo, uma coisa ainda se mantém: maior salário = maiores responsabilidades + maior capacidade de impacto.